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Bom filho a casa torna
O retorno da newsletter e algumas reflexões sobre o futuro
Nessa Newsletter:

Fins de ciclo, reflexões e planos
Oi, ainda lembra de mim??
Ano passado, cometi um erro gravíssimo de cálculo: achei que ia conseguir ter tempo de sobra para fazer a tese e me dedicar aos projetos de escrita, não levei em consideração a quantidade de concursos públicos que estavam previstos para sair, não fazia ideia que, no fim daquele ano, sairia o quarto jogo de Dragon Age e de alguma forma fosse voltar a escrever fanfic. Entre outubro do ano passado e fevereiro deste ano, fiz uma maratona insana para terminar de escrever a tese a tempo de defender ao final de fevereiro – e eu dei conta.
Nos dias logo antes da defesa, eu fiquei brincando que os grandes aprendizados do doutorado são todos pessoais, relacionados a como você trabalha, a aprender a enfrentar suas próprias inseguranças e expectativas e entender que às vezes você entrega o que é possível no prazo que você tem. Sempre pode ser melhor. Sempre poderia ser diferente. Mas, infelizmente, você precisa entregar ALGO no prazo, e às vezes é melhor que seu trabalho esteja pronto do que perfeito. Achei que já sabia disso – afinal, não apenas fiz a dissertação do mestrado e a monografia antes, mas também tenho doze textos de ficção, entre contos, novelas e romances, que já foram publicados – mas acho que só entrou na minha cabeça de vez depois desses quatro meses intensos.
Eu também aprendi muitas coisas sobre minhas próprias capacidades. Aprendi que consigo fazer muito mais do que achava, em um tempo ridiculamente apertado. Aprendi que sou resiliente e que não dá para tomar mais de dois Monster em um dia só. Aprendi a identificar quando estou bem perto de um “burnout” – em algum momento entre agosto e setembro do ano passado, eu não conseguia mais, estava exausta o tempo todo, ansiosa o tempo todo, enfim, foi horrível – e como reorganizar o trabalho para sair dessa situação. Aprendi a importância de descansar. Também confirmei que a minha impressão de que eu preciso trabalhar em um texto de ficção paralelamente aos textos acadêmicos é real, porque nos dias em que eu estava travada na tese, foi abrir meu arquivo de fanfic e escrever por trinta minutos que me destravou.
Enfim, depois de tudo isso: sou doutora! Defendi a tese, tenho umas correções para fazer, é isso. Esse ciclo se encerrou, acabou, boa sorte.
No dia depois da defesa, me sentei na varanda da casa da minha mãe e pensei “E agora?”. E agora? Desde 2019 estou nesse processo de mestrado, doutorado, de preparação para uma carreira acadêmica. Sei o que preciso fazer agora, mas nada é tão GRANDE, um projeto tão de longo prazo quanto, e fica um vazio. Durante o processo de escrita da tese, minha amiga comentou algo nas linhas de “Gente, vai acabar. E vai ficar o vazio, e a gente vai querer preencher esse vazio com alguma coisa. Mas tem vezes que é bom aproveitar esse vazio, aprender a viver com ele”. Uma das queridas professoras da minha banca de defesa me escreveu “Parabéns, desejo muita sorte (e paciência) nos próximos passos!”.
Então, é, talvez seja mesmo o momento de ficar o vazio, aprender a viver com ele, mais uma das lições que o doutorado vai me proporcionar.
O plano que importa aqui é o de escrita: tem algumas outras mudanças que sei que são apenas questão de tempo até acontecer (como o fato de que quando eu passar em um concurso público, vou ter que fechar meu MEi e daí o sistema de distribuição de e-book que uso está fora do jogo), então já queria aproveitar para me reorganizar no longo prazo com isso em mente. E daí me deparei com um problema que já era sério antes, mas se torna progressivamente pior a cada semana de 2025: o Jeff Beezos, ex-CEO da Amazon, está ativamente apoiando um governo que não esconde mais suas inclinações fascistas e não tem vergonha disso e está brigando pra virar o novo braço direito do Trump, tomando o lugar do Elon Musk. A Meta, dona do Instagram e do Facebook, vai pelo mesmo caminho. O CEO do Google chegou a dizer que 60 horas de trabalho é a jornada de trabalho ideal. Nada disso é necessariamente novo, per se. A gente sempre soube que a maioria dessas empresas era podre. Mas acho que chegou em um momento em que eles estão se sentindo tão à vontade para fazer o que querem, tão acima de tudo e todos, que se tornou ainda mais imprevisível saber o próximo passo. E se tornou ainda mais perigoso depender exclusivamente dessas empresas para qualquer coisa. Eles roubam dados para treinar inteligências artificiais que foram criadas não para facilitar o nosso trabalho, mas para ocupar o espaço da arte na nossa sociedade para que possamos trabalhar cada vez mais e dar mais dinheiro para eles.
Para quem me segue há algum tempo, sabe que estou sempre tentando buscar alternativas a depender exclusivamente da Amazon. Meus livros estão em todas as distribuidoras de e-book e disponíveis na Odilo, por exemplo, ou no Everand; eu lanço várias coisas que podem ser lidas de graça também no Tapas e no Wattpad – e tudo isso só é possível por causa do modelo que uso, com uma distribuidora, que faz com que eu não precise seguir as regras abusivas de exclusividade Amazon. Também já considerei fazer uma lojinha própria de e-book, mas preciso testar e não sei se teria adesão o suficiente para se justificar. Além disso, também tento não me manter presa a uma única rede social – e essa newsletter é, ainda, a melhor forma de entrar em contato com vocês, que tem interesse nas minhas ideias e nas minhas histórias, e é uma lista que eu posso levar para onde quiser, independente de plataforma. Mas ainda assim, 80% das vendas dos meus livros acontecem na Amazon, e o dinheiro que ganho com eles é o dinheiro que uso para financiar os custos das próximas obras, em resumo. Em um cenário em que a distribuidora sai da jogada, eu preciso repensar absolutamente tudo do modelo em que escolhi.
Ainda tenho algum tempo antes de precisar tomar uma decisão definitiva, mas acho que preciso ponderar com cuidado. Além disso tudo, tem aquele fatorzinho intuição, que está me mandando esperar pra ver o que vai acontecer, ter calma. Os três primeiros meses do ano já foram longuíssimos, e até dezembro muita coisa pode acontecer no mercado editorial e no mundo. Junta com algumas conversas que o pessoal está tendo lá fora, sobre possíveis mudanças em políticas da Amazon quanto a alguns tipos de livros, e conversas aqui dentro e… sinceramente, eu recomendaria a todo mundo que publica de forma independente a ter um bom plano B para não ser pego de surpresa, principalmente quem tem ganhos da Amazon como renda principal.
Considerando TUDO isso, até segunda ordem, esse vai ser um ano mais lento, com foco em descansar, refletir e ir trabalhando nas histórias por aqui com calma e sem atropelo. Vou revisar Estudo, talvez revisar uma história que engavetei alguns anos atrás, escrever a história da Karine, tudo no meu ritmo e sem muita loucura. Quando estiver pronto, estará pronto e vocês serão os primeiros a saber! Também vou continuar minha carreira de escritora de fanfic e quem sabe até postar publicamente, vamos ver.
Então, o que esperar de mim para esse ano?
Retorno da newsletter de forma regular – inicialmente, quero voltar a mandar de forma mensal, e depois retornar à periodicidade quinzenal que queria desde o início. A editoria é a de sempre: recomendações, falar sobre meus processos de escrita, textos aleatórios de reflexão como esse aqui;
Eu estou me organizando para ver se FINALMENTE faço os e-books e cursos de escrita/mercado editorial que sempre quis fazer mas não tinha tempo. Se tiver algo que vocês quiserem ver, particularmente, só responder esse email com a sugestão;
Devo abrir umas vagas de leitura crítica/edição/preparação para autores indies no segundo semestre, mas esse depende de vários fatores. Devo avisar quando tiver vaga no bluesky;
Vou voltar a fazer listas de livros/recomendações lá no bluesky também (e aqui!).
E é isso. Espero que esteja por aqui para vir comigo nessa jornada meio incerta!!
PS: depois que escrevi essa newsletter, aconteceu essa situação horrorosa com o Felipe Fagundes, em que a Amazon não permitiu que a editora dele usasse a palavra gay em uma das partes da descrição e eles precisaram censurar para g4y. Esse é só mais um tipo de coisa ao qual a gente está sujeito.
Lançamentos recentes em que estou de olho

Eu sinceramente pensei em fazer uma lista de recomendações, mas juro que nesse quase um ano desde a última newsletter eu mal li direito (assim, li várias fanfics, mas esse é outro assunto). Então para o nosso retorno, fiz uma listinha de títulos que lançaram recentemente ou estão em pré-venda! Deles, só li dois.
Ah, só um aviso antes de prosseguirmos: eu sei que desci o pau na Amazon aí em cima, mas infelizmente tem alguns livros que só estão disponíveis nela. Para manter o mínimo de coerência, nessa nova perna da newsletter, vou evitar ao máximo colocar links para a loja. No entanto, quando não for possível, por um motivo ou outro, os links presentes aqui terão meu código de afiliado e eu ganho comissão a cada compra feita por eles.
Bom, vamos lá!
Vida Longa Ao Mal, de Sarah Rees Brennan: Se você me segue nas redes sociais, provavelmente me viu comentar desse livro nos últimos meses. É um isekai de vilã! A protagonista tem câncer e recebe uma segunda chance se entrar no livro e encontrar uma flor específica. Ela entra no livro como a vilã, minutos antes de tal vilã morrer! Daí a confusão já tá armada, né. Eu comecei a ler esse livro em inglês ano passado, mas parei por causa da tese, mas até onde li, eu AMEI. Eu gosto muito da Sarah Rees Brennan, né, então já imaginava que ia ser divertido.
O Familiar, de Leigh Bardugo: Eu adoro a Leigh, e esse é o lançamento dela mais recente, que também não li ainda. É uma fantasia histórica, passada na Espanha, e parecer ser beeem interessante. A protagonista é uma judia que é capaz de fazer pequenos truques de magia, mas acaba sendo perseguida pela inquisição.
Garotas Selvagens, de Madeline Claire Franklin: Eu trabalhei nesse aqui e olha, é tão BOM. Ele fica no limiar ali entre fantasia e mistério, e conta a história de um grupo de garotas que cresceu no meio do mato, criadas por um velho chamado Mãe, e um dia elas acabam encontrando Rhy e a civilização. Trata de forma bem interessante temas bem espinhosos como fé, violência doméstica, como alguns aspectos dessa febre de True Crime são malucos… recomendo.
Balela, de Solaine Chioro: O mais novo livro da Solaine, o primeiro romance (em tamanho) dela! Estou super ansiosa pra esse aqui, a capa é INCRÍVEL. É uma comédia romântica sobre Pietra, que se muda para a casa do padrinho para esconder da mãe que foi demitida, e no desespero de manter esse segredo, acaba inventando que está namorando com Eric, o vizinho do lado, que POR ALGUM MOTIVO aceita ajudar ela a manter a farsa. Parece ser divertidíssimo
Feras em Campo, de Luisa Landre: Esse foi outro que li porque a editora da Luísa me chamou para fazer blurb! Esse é uma DELÍCIA, romance paranormal entre duas lobisomens! Passado em Mato Grosso do Sul! As duas jogam futebol em times rivais! Elas tem muita raiva e muitos sentimentos não resolvidos uma pela outra! É incrível, amei demais. E a capa é linda!
Os dois amores de Hugo Flores, de Felipe Fagundes: Sendo citado de forma mais positiva, esse é o segundo livro do Felipe! O protagonista, Hugo Flores, é um workaholic obcecado em ser bem sucedido e quando topa participar de um projeto na firma em que trabalha, se vê como parte do desenvolvimento de um aplicativo de namoro — sem ter experiência nenhuma. Entre as loucuras do trabalho e em sua jornada de tentar entender como o amor e os relacionamentos funcionam, ele acaba achando uma oportunidade de estudo bem interessante com um colega de trabalho…
Laura Santos está matando estranhos, de Karine Ribeiro: Horror em verso? Temos sim! Eu só ouço elogios desse e é super curto. A premissa também é super intrigante: Laura Santos aparentemente tem uma vida perfeita, mas esconde um grande segredo, que usa para agradar todos os seu redor. Mas quando é diagnosticada com uma doença mortal, ela chuta o balde e decide priorizar seu maior sonho, a maternidade, mesmo que isso
Acho que é isso por hoje!! Obrigada por lerem até aqui e até a próxima.
Onde encontrar meus livros
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