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#3 - Nós somos a cidade, Livro de graça e Novidades exclusivas!

Quando eu decidi que essa newsletter ia ser quinzenal, eu não estava esperando que o universo acelerasse o tempo e fizesse os dias correrem tão rápido! Mas cá estamos de novo, no fim desse junho sem festa junina, que passou voando e que termina com uma frente fria escrotíssima, apenas comprovando que estamos no Lugar Ruim.

Eu sou péssima em seguir regras que eu mesma cumpro e a newsletter de hoje é uma prova disso. Há quinze dias, eu comentei que hoje provavelmente traria indicações de livros com triângulos amorosos e eu já estava com tudo separado certinho, mas terminei de ler Nós Somos a Cidade da N.K. Jemisin ontem e tenho um milhão de comentários a análises para fazer e pensei: por que não comentar alguns deles na newsletter? É uma recomendação num formato atípico e que foge um pouco do que me propus aqui: é direcionada a um livro específico, para início de conversa, em vez de falar de indicar vários livros de um tema. Não é centrado em romance, ao contrário da linha editorial a qual me propus aqui. Também saiu completamente do plano que eu fiz de divulgação temática da próxima história. De certa forma é uma newsletter um pouquinho como a cidade que eu vivo: nascida de uma ideia doida, planejada desde o começo, feita em pouco tempo, com cada coisa em seu lugar cumprindo a sua função, mas que ao longo dos anos foi se desenvolvendo por conta própria apesar das limitações urbanísticas. Então acho que vale flexibilizar, porque esse livro é tão incrível que merece uma recomendação só dele.

Peguei Nós Somos a Cidade para ler sabendo apenas duas coisas: que era da NK Jemisin, que considero uma das autoras de ficção especulativa mais talentosas dessa geração e que era sobre cidades. Mais especificamente, sobre pessoas que são cidades. Isso foi o suficiente para aguçar a minha curiosidade. Porém, quando comecei a ler, vi que a premissa é muito melhor do que eu imaginava: E se existissem pessoas que personificam cidades para ajudá-las a nascer? E se toda vez que uma cidade nasce, houvesse uma força contrária, um Inimigo, tentando impedi-la? E é em cima dessas duas bases que ela trabalha, construindo uma obra esquisita, inteligente e labiríntica, que é um retrato dos nossos tempos, para o bem ou para o mal.

Ela pega o horror lovecraftiano e transforma em algo completamente dela, uma apropriação deliciosa quando você sabe o contexto (e ela não deixa você esquecer o contexto e o racista de merda que o Lovecraft foi). Eu adoro um livro que chamo de "livro louco" e esse está 100% nessa categoria: você é jogado na história da mesma forma que os personagens, sem saber muita coisa do que está acontecendo, apenas que existe algo muito esquisito acontecendo. Ela não para para te explicar, assim como os personagens não tem ninguém explicando para eles o que está acontecendo - é um quebra cabeça, um caleidoscópio de informações, que você vai unindo até entender o que está acontecendo (e ainda assim! ainda assim!).

Eu acho que essa sensação de estar perdido é uma das coisas mais divertidas do livro, esse processo de ir compreendendo aos poucos, junto com os personagens, o que está acontecendo no livro, por isso estou evitando fazer análises mais complexas. Mas eu posso dizer que a a Jemisin escolhe e revela as personificações das cidades magistralmente, construindo reflexos muito interessantes dos locais, com seus defeitos e suas qualidades, suas forças e suas fraquezas. São os habitantes que fazem uma cidade ser o que ela é - mas se você deixar, as corporações, a mania de sanitização e de uniformização do capitalismo acabam matando-a. É sobre isso que é a história, no final. Sobre como o capitalismo com sua obsessão por progresso e desenvolvimento, com todos os privilégios que concede aos seus escolhidos, acaba por matar a essência de quem nós somos.Porque todos nós somos a cidade.

Sério, eu não poderia recomendar MAIS esse livro. Não há sutileza NENHUMA nas críticas que ela faz -- ao capitalismo, ao racismo, ao fascismo crescente nos EUA. Tem cenas da história que me fizeram rir para não chorar, porque são tão reais, tão plausíveis que elas de fato aconteceram depois que esse livro foi lançado no início de 2020 (alguém se lembra do pessoal da alt-right invadindo o Capitólio dos Estados Unidos?).

Tenho muito para comentar mas não quero dar muito spoiler, então encerro só com a observação de que gosto muito de São Paulo (que é um personagem na história!). Terminei o livro imaginando como seriam os avatares aqui de Brasília e o do bairro que eu moro certamente seria uma mulher de 50 e poucos anos aposentada do judiciário que tem um shitzu e só anda por aí com roupa de ginástica. Já o da cidade toda teria provavelmente seria um homem de cerca de 60 anos que veiodo Rio de Janeiro com os pais na construção da cidade, é funcionário público concursado desde o governo FHC e foi afastado do cargo que tinha no governo atual, decidindo se aposentar porque "se tudo o que eu fiz por esse país vai ser jogado fora assim, prefiro não ter mais nada a ver".Posso conhecer umas 10 pessoas com uma história parecida ou nenhuma, nunca saberemos.

Nós somos a cidade sai no Brasil no início de agosto, pela Suma, e na pré-venda vem com esses cards aí do lado, com as personificações das cidades ilustradas pelo Johnatan Marques!! Eu também devo fazer sorteio dele essa semana lá no @barbaraescreve, então fiquem de olho!!

Nas atualizações de escrita, essas duas semanas foram CHEIAS. Terminei de editar o texto que sai na Noveletter mês que vem e ele foi e voltou da preparação; chegaram os rascunhos das ilustrações para aprovação, as coisas estão todas bem perto de ficarem prontas! Eu amo demais essa história e fico muito feliz que todo mundo que trabalha com ela tem o mesmo carinho que eu, então estou EMPOLGADA!!

Por isso, implorei para o pessoal da Noveletter para eu falar pelo menos UMA novidade pra vocês, umazinha, qualquer coisa?? E elas deixaram eu divulgar O TÍTULO!

Antes de mais nada, gostaria de dizer que o negócio dos nomes de fantasia serem SEI LÁ O QUE de NAO SEI O QUE LÁ e SEI LÁ (tipo... Coroa de Sangue e Sombras) é muito útil porque facilita muito no caminho para chegar num título. Eu tentei muitas coisas até chegar num que é mais ou menos nesse formato, mas com um gostinho próprio. Alquimista tem acadêmicos como personagens - e, a partir daí, fui testando palavras até chegar no que bateu certinho. Eu também me divirto com nomes compridos - então tudo isso me ajudou na escolha. Como essa história se passa durante a prova de titulação de Alquimista Extraordinária, apresento para todos vocês um

As próximas semanas vão ser bem doidas na divulgação de mais informações! A primeira história da Noveletter, As Incertezas da Fortuna, termina semana que vem e daí entramos 100% no modo DIVULGAR TRATADO.

E, dentro disso, a gente também vai abrir um Catarse, pra quem quiser ler os capítulos primeiro, dentre outras vantagens (incluindo um grupo??). Fiquem de olho no fim de AIDF que vamos dar mais informações quanto a isso! A newsletter continua gratuita como sempre, o Catarse vai ser só uma maneira alternativa de receber a história!

Aliás, só hoje, dia 30/06, a coletânea Quatro Minutos para Meia-noite está gratuita! Gosto demais dela e participo com um conto, assinando como Bárbara Morais. Aproveitem!

Acho que é "só" isso (porque aparentemente esses textos vão ficando cada vez maiores).

Nos vemos em duas semanas (eu vou decidir dias da semana fixos para essa newsletter em ALGUM MOMENTO, mas por enquanto ficamos no dia 15)!

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