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#10 - Muitos Pensamentos Sobre Originalidade e Previsibilidade

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Nessa Newsletter:

  • Guacamoles com Kimchi e outras receitas inusitadas: uma reflexão sobre originalidade e ficção.

  • Novembro e Preparações para o Nanowrimo

  • Recomendações da Quinzena

  • Onde ler minhas histórias

Guacamoles com Kimchi e outras receitas inusitadas

Esse fim de semana, decidi assistir os episódios sobre Halloween, Sexta Feira 13 e A Hora do Pesadelo da série de documentários Filmes que Marcaram Época e além de eu ter me divertido muito, terminei o episódio de Hora do Pesadelo com Muitos Pensamentos.

Recomendo muito os episódios, mas em um grande resumo para quem não quiser ver, o que aconteceu foi que Halloween foi um filme feito com quase nenhuma verba, no improviso, de uma ideia que muita gente achou maluca e que não iria funcionar - e foi um sucesso. Sexta Feira 13 veio logo depois, e os produtores e pessoas entrevistadas no set deixam claro que a ideia era fazer algo com o mesmo sucesso de Halloween. A verba também foi péssima, a produção foi toda louca e improvisada e eles juntaram todos os elementos de um filme de sucesso nesse estilo - adolescentes com tesão, mortes loucas, suspense. Só que eles precisavam trazer algo novo, que Halloween não tinha: e escolheram adicionar o sangue e as mortes gráficas, o famoso gore. A Hora do Pesadelo veio depois desses dois, mas com o mesmo objetivo: ter o mesmo sucesso de Halloween, com uma verba minúscula, seguindo mais ou menos a mesma fórmula, só que adicionando seu gostinho próprio (um assassino sobrenatural que mora em pesadelos e Ainda Mais Gore).

Eu terminei os episódios pensando muito sobre originalidade e previsibilidade. Não são pensamentos novos, porque há algum tempo tenho reparado no efeito que saber o final de uma história, saber como ela progride, tem na forma como as pessoas desfrutam a história. Mas o que me deixou mais pensativa foi como a produção desses três filmes é completamente aberta nessa questão de como eles usam um ao outro como referência e como base (inclusive, os diretores, produtores, etc, se ajudam entre si!). Nenhum deles tinha como objetivo fazer algo revolucionário, completamente diferente de tudo que veio antes, ou ser marcante, não tem vergonha de admitir isso - e um negócio tão pequeno foi reconfortante para mim.

Em algum momento das últimas décadas, surgiu uma necessidade esquisita no entretenimento de que tudo precisa ter um plottwist. Tudo precisa ser surpreendente. É a coisa mais comum que existe entrar em algum site que avalie entretenimento - o letterboxd, o goodreads, o rotten tomatoes - e achar resenhas que falam "ah, me diverti, mas foi muito previsível", como se ser previsível fosse algo NEGATIVO, como se fosse necessariamente ruim. O valor da obra parece mais atrelado ao enredo e à surpresa que ela pode dar para o leitor/telespectador do que à jornada e aos personagens; parece que se não surgir 300 vídeos de "Explicando o fim de X" a obra não é boa.

Esse tipo de expectativa se reverte em pressão para quem trabalha com histórias. Eu vejo muita gente comentando que fica se esforçando para criar as obras o mais originais possíveis, há em alguns essa preocupação de que a obra PRECISA necessariamente ser algo Revolucionário e Mudar a Vida de Quem Está Lendo para ser válida. Quando se é brasileiro parece que a pressão é meio em dobro: tem uma parcela do público que exige uma performance de Brasilidade que sequer faz sentido ou existe, que policia o que você escreve, que diz que é errado ou certo, o que vc pode ou não escrever para que você seja Autenticamente Brasileiro. Isso não é novidade - desde o século XIX acontece e eu não acho que vai parar tão cedo. É um ambiente que, como um todo, torna a criação de histórias algo muito sufocante e engessado, principalmente para alguém que está começando agora e ainda está entendendo o próprio estilo, o que gosta de escrever, etc.

Não é o meu caso - eu já passei por esse processo, apesar de às vezes me irritar com algumas Exigências, decidi o que queria fazer e o que queria escrever. Decidi que faria isso a despeito de outras pessoas e de expectativas alheias, que o paladar que eu queria agradar, antes de tudo, era o meu. Tudo bem. Isso não quer dizer que não exista uma vozinha na minha cabeça que às vezes duvida de tudo - então ver pessoas que criaram obras que são lembradas, referenciadas e vistas mais de 30 anos depois de seu lançamento falarem que, bem, eles seguiram a fórmula e deram um temperinho próprio foi muito bom. Foi uma reafirmação de que: não, você não precisa necessariamente criar algo NOVO e inesperado, você só precisa dar o seu temperinho.

Para fazer a analogia com cozinha, para combinar com a ideia de que cada projeto meu é uma panela no fogão cozinhando, é como pegar uma receita de Guacamole na internet, achar que a receita tá meio esquisita e que não vai dar certo/não vai ser bom para o seu paladar e adicionar ou tirar da receita o que te dá vontade. No final ainda é uma guacamole, mas é a sua guacamole - sem pimenta dedo de moça, com muito mais limão do que o indicado, e que é a primeira comida a acabar nas festas.

A queridinha do momento, Round 6, faz isso muito bem. Não há nada de novo no enredo, quando você para e pensa: é um jogo até a morte, que só um pode vencer, com várias provas. No gênero, tem dezenas nesse estilo. Mas Round 6 adiciona o temperinho deles: é passado na Coreia, com pessoas endividadas pelos mais diversos motivos e as provas do death game são inspiradas em jogos típicos de criança. E é isso. É uma guacamole temperada com kimchi que grande parte das pessoas que experimentou, amou.

No final, sinto que dentre todas as expectativas que um autor tem, a gente esquece que nenhuma história é 100% original; nada surge do além, é bem provável que todas as ideias que você teve já foram pensadas e/ou feitas em algum momento. Mas aquele temperinho, aquele limão extra, o kimchi, uma pimentinha adicional, é o que faz toda a diferença. É aquele aspecto que só você pode adicionar; aquela abordagem que só você consegue fazer.

Agora, se todo mundo vai gostar, são outros quinhentos.

O NaNoWriMo vem aí, olê olê olá

Novembro está aí e ele marca o início do NaNoWriMo, um desafio do sindicato de escritores dos EUA que propõe que você escreva um livro de 50 mil palavra sem um mês, um pouquinho todos os dias (1666 palavras, mais especificamente). Participo do Nano de maneira intermitente tem mais de uma década e, ano passado, participei com a minha dissertação (e fui convidada para fazer um pep talk que é basicamente eu falando que tá tudo bem perder o juízo e não precisa se cobrar muito por isso).

Funciono muito bem com o esquema do NaNoWriMo, apesar de só ter ganho ele pela primeira vez em 2019. Novembro em geral é um mês muito complicado para mim e esse ano não vai ser diferente, por vários motivos. De qualquer maneira, vou participar porque tenho algo para entregar até o fim do ano, e se eu conseguir terminar agora em novembro, ia ser perfeito (tem menos de 50 mil palavras, mas tem outra história mais curta que também tenho que escrever e vou juntar as duas).

Não quero comentar sobre o que é porque historicamente eu sempre mudo de ideia na VÉSPERA do Nano e decido escrever algo completamente diferente. Eu acho que esse ano vou acabar fazendo várias coisas diferentes, mas é isso, sou uma rebelde no meu coração. Espero que daqui a 15 dias tenhamos boas notícias e eu tenha me organizado o suficiente para conseguir ESCREVER, porque ultimamente tudo está caótico por aqui. Mas mais sobre isso na próxima newsletter.

Para quem for participar e quiser me adicionar como amiga, meu perfil é esse aqui.

Nessa Quinzena

  • A próxima história da Noveletter, Coração Mal-assombrado, já começou a ser enviada para os assinantes do Catarse e estamos com uma categoria promocional aberta para quem quiser nos apoiar até o dia 01/11 (acho)! Coração Mal-assombrado é um Terrormance e eu gosto demais dessa história e de como a Gih consegue usar os fantasmas (metafóricos e reais) para desenvolver as personagens e o relacionamento entre elas. O envio da história para os assinantes da newsletter gratuita começam no dia 04/11.

  • Na quinzena passada havia saído o Lyric Video de MAMMAMIA do Maneskin, nessa saiu o CLIPE, que é incrível e eu fiquei aproximadamente 3 dias pensando em como eles são bonitos. A banda também anunciou que vem para o Rock In Rio ano que vem;

  • Eu consegui voltar a ler e nessa quinzena, terminei três histórias: Tempestade da Paixão, da Brenda Jackson; Bad Alpha, da Kathryn Moon e O Titereiro, da Karen Alvares. Foram leituras muito divertidas e Bad Alpha foi uma grande surpresa, porque é um livro de omegaverse que não só eu consegui terminar, como eu GOSTEI. Eu tenho essa queda por protagonistas badass que sofreram muito na vida e tem dificuldade em receber carinho e eu amei a Eve, a Pior Alpha Que Já Existiu.

  • Eu fiz uma listinha de livros que comecei a ler e não consegui terminar nos últimos meses e são DEZOITO títulos. Minha meta agora é voltar e tentar terminá-los, vamos ver como ando. O primeiro que peguei foi Noites brancas, do Dostoiévski, que na primeira vez estava gostando mas não tinha fluído. Pois bem: dessa vez, cheguei em 40% em dois dias e estou bem perto de terminar. É o primeiro do Dostoiévski que leio e eu posso dizer para vocês não acreditarem em quem diz que é super complicado, viu.

  • Essa quinzena teve um monte de lançamento que estou interessada em ler: O livro de Ilusão, da Thaís Lopes, que é o primeiro livro da série Rio de Sangue e Magia e é uma romantasia enemies to lovers; Como Não Ressuscitar uma ex-namorada MORTA de Leblon Carter, que é terror, eu amei a capa e fiquei muito curiosa quanto a história; e A Rainha Fantasma, de Anamaria Melo, que é uma história de fantasmas e que me deixou bem curiosa quanto a história.

  • Em Lançamentos Gringos, essa semana saiu Grimrose Girls da Laura Pohl. É um YA de mistério que se passa num colégio interno e tem ASSASSINATOS! CONTOS DE FADA! MENINAS HORRÍVEIS!

  • Um monte de gente (meu irmão, o Vic Vieira, a Fernanda Nia) me indicou o vídeo da Contrapoints sobre Inveja nos últimos meses e eu fiquei adiando porque é um FILME de 2h, mas finalmente comecei a assistir (e enquanto escrevo esse texto estou na metade) e é realmente excelente. Os americanos não terem conceito de mau-olhado fez com que muitas coisas fizessem sentido para mim, ahahaha. Recomendo muito, apesar do tamanho!

  • Eu também comecei a ver os vídeos do Ora Thiago nos meus tempos de folga e eles são a combinação perfeita de análise e humor com o tempo certo. O vídeo sobre Duna, Fundação e Profecias é ótimo, o Existe Vida Fora da Disney também é muito bom e o sobre O Clone é pERFEITO (e me fez concluir que a Glória Perez conseguiria escrever Duna, mas o Frank Hebert nunca escreveria O Clone).

Esse é o resuminho de recomendações da vez! Espero que eu continue leitora na próxima quinzena pois, quem diria, eu gosto muito de ler.

Muito obrigada por chegarem até aqui e boa quinzena a todos.

Obs: Nessa newsletter, estou testando um formato diferente então logo abaixo você vai ver uma partezinha com links para ler minhas histórias. A ideia é ser uma parte fixa, para facilitar para quem assina quando saírem atualizações, etc. Vocês acham que funciona? É responder esse email aqui com a sua opinião que ele chega até mim (eu sinto muito por fazer vocês de cobaias AHAHAH).

Onde encontrar minhas histórias?

Atualmente, tudo que lancei como Isabelle Morais pode ser lido gratuitamente nos links abaixo:

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